O Uniforme deve ser encomendado na secretaria da Escola e seu uso é obrigatório.

um depoimento que nos faz refletir:

Uniforme e Identidade Escolar


“As lembranças de minhas melhores e piores vivências escolares, hoje interpretadas por mim como educadora, se vestem de blusa ou camisa em algodão branco e saia de pregas ou calça comprida em casimira cinzenta – o uniforme feminino e masculino de minha escola. À parte as críticas que lhe dedicava, é fato que essa roupa pertencia só a mim e a meus colegas, diversa daquela usada no cotidiano familiar, identificava-se com meu mundo social, sem pai e mãe. Talvez por isso aprendi a usar o ferro ao passar a minha saia de pregas, com pano úmido para não ter lustro, ninguém o fazia como eu, nem minha mãe prestimosa passadeira portuguesa. A repassagem era diária para que as pregas não abrissem. Depois de toda a manhã a fazer as muitas lições, realizava a “sessão passar a ferro”. Uniforme passadinho, vestia-o e a partir daí, nem sempre feliz, às vezes bem angustiada, pertencia a comunidade do Colégio Estadual São Paulo, era uma estudante. Como tal, com roupagem branca e cinzenta igual a de meus colegas, meus iguais tão diferentes entre si, construí no correr de anos meu eu intelectual e social.

Tínhamos a roupa semelhante e também os mesmos direitos e deveres, mas sabíamos que éramos diferentes. Vivíamos, obviamente em meio a conflitos, a verdadeira diversidade – havia os ricos, os de classe média, os pobres, os cristãos, os judeus, os muçulmanos, os brancos, os mulatos, os negros... Prática coletiva, o uniforme como símbolo de identidade nos unia, como alunos em torno dos objetivos da escola.

Como lei para todos, nos ajudou a conviver no ambiente escolar pois nos protegem de certas tensões decorrentes de embaraços causados pela forma de vestir, influenciada necessariamente pela situação econômica e familiar de cada um.

Certamente, na época, uniforme dava a identidade de aluno e unia uns e outros para aprender.

Hoje, décadas depois, o contexto educacional é bem diverso, retratando a desigualdade sócio-economica crescente que se vive. Nossas crianças e jovens estão normalmente segregados em escolas para ricos e pobres. Vivem pouco a diversidade. No entanto, como outrora, uniforme ainda pode ser para todos forte referência do universo escolar ao diferenciá-lo do familiar. Uniformizados todos são estudantes. Para os menos abastados, vestimenta regrada por escola é oportunidade positiva de inclusão. Para os mais abonados, é a possibilidade de renunciar a desejos de consumo individual e de se identificar com seus iguais por meio de valores coletivos escolares e não via roupas de marca comercial que atendem necessidades educativas.

Ao se responsabilizar pela escolha de uma vestimenta de aluno adequada à saúde, ao convívio e as atividades de aprendizagem, a escola faz uma ruptura com o meio externo, às vezes necessária para o cumprimento de seu papel de educação para a vida pública. Expressa seu caráter imparcial ao se reger pelo que considera bom para todos e não cai na lei das possibilidades preferenciais e caprichos individuais.”

Maria Manuela de Castro Mendes Leal Anabuki
Pedagoga

Venha nos visitar!

Localização

Siga nossas redes sociais

1